Topa Tudo Por Um Debate

Em momentos de crise criativa a gente acaba apelando pra textos de outros blogs pra tentar manter a audiência da bagaça... Então com vocês um texto da Fla Wonka, lá do Garotas Que Dizem Ni. Muito engraçado. Eu me amarrei... Abraços...

Certa feita, Silvio Santos (o homem, o mito, o dono do baú) lançou sua candidatura à Presidência do Brasil. Mas antes mesmo da vitória vir a cabo, ele caiu fora. Não se sabe se na plataforma eleitoral constava transformar a fila do INPS em um grande show de calouros ou fazer a aposentadoria ser entregue em aviõezinhos de dinheiro em vez de contracheque de papel. Uma pena mesmo termos perdido todo um período de Silvio Presidente... Mas o talento do Patrão ainda poderia ser aproveitado nestes tempos de pleito, acho. E se o homem fosse escalado para gerenciar os debates do segundo turno? Não ficaria sensacional?

Na minha modesta opinião, Silvio tem um potencial televisivo para além do eterno domingo. Deveria ser ele, por sinal, a tocar “O Aprendiz” no Brasil (queria ver neguinho folgando na frente do Seo Silvio, correndo risco de ser demitido e ainda levar “xampu de ovo”). O sujeito não só é um empresário que veio do nada, como é um empresário que veio do nada e manteve o bom humor. Aliás, veio do nada, manteve o bom humor e ainda chumbou um microfone direto no peitoral.

Sei que William Bonner e Ricardo Boechat têm presença e credibilidade. Mas imaginem apenas a possibilidade de Silvio Santos ser o âncora de um debate presidencial. Aposto em 89 pontos de Ibope, no mínimo.

Apresentações
Para começo, ele não ficaria em segundo plano com candidatos que já começam desejando o velho boa noite ao telespectador, proferindo seu amor pelo momento democrático e blá blá blá. Silvio tornaria o ensejo impagável, perguntando se Geraldo Alckmin veio com a caravana de Pindamonhangaba e sobre os créditos de Lula.
- Veio de onde, Lula, veio de onde?
- Venho de Brasília, Silvio.
- E o que você faz lá em Brasília, Lula?
- Bom... bom, eu sou Presidente da República, Silvio.
- E quanto custa um quilo de tomate lá em Brasília?
Ele não consegue manter um diálogo coerente, é verdade. Ah, mas os candidatos também não.

Perguntas
Manda a regra de qualquer debate que um candidato faça perguntas ao outro em algum momento. No caso do Silvio administrar o jogo, tenho certeza que ele instalaria uma vitrola musical no cenário. E Lula e Alckmin poderiam sair questionando, desde que acertassem oito músicas em 30 segundos. Já fica a dica: deverão entrar na seleção “Asa Branca”, “Nuvem Passageira” e “Disparada”. O Patrão não liga muito para atualizar seu banco de canções. Desde os anos 70.

Réplicas, tréplicas, quadréplicas...
Só seriam conquistadas na base Silvio Santos de Organizar Programas. Nada de direito de resposta por ter sido vilipendiado em sua honra. No debate de SS, retruca quem acionar primeiro o botão sobre a bancada. Mas tem que estar com a mão atrás da cabeça, senão não vale! Também poderia haver a opção de responder desde que acertasse a música de uma nota tocada pelo maestro Zezinho.

Brigas
Facílimo resolver disputas ao microfone quando o Dono do Baú está no recinto. Se começa um falatório infindável entre os candidatos, ele logo ergue o tom de voz e pergunta “Auditório! O Silvio Santos fala ou não falaaaa?”. E a platéia “faaaaalaaaaa!”. Até Marta Suplicy e José Serra fariam corinho com as mãos para o alto, certeza.

Números
Pois se tem alguém que entende de economia, esse alguém é o homem que leva cédulas plásticas verde-musgo no bolso do paletó. E distribui barras de ouro, que valem mais do que dinheiro. E passou a vida vendendo carnês. Esse mesmo homem jamais deixaria Lula ou Alckmin deturparem valores. Seria assim: “pois no meu governo, a máquina do Estado vai cortar 34 bilhões na folha de pagamento!”, esbraveja um. No fundo, soa o “trim-trom”, que nem no Show de Calouros, quando o infeliz ganha bônus dos jurados. E o valor passa a 30 bilhões; trim-trom, 18 bilhões; trim-trom, 10 bilhões; trim-trom, 10 paus pro povo matusquela.

Impasses
Eu não sei vocês, mas o que mais me deixa irritada em debate é não saber quem está falando a verdade. Fica aquele tal de “mas eu investi mais em saúde do que o presidente anterior”, “mas o meu governo foi o mais ilibado da História”, “você tem um amigo bicheiro” ou “o senhor limpa o beiço com creolina depois de beijar criancinhas”. É chato e inconclusivo. Porém, mais uma vez, o Silvio resolveria isso. Pintou dúvida, ele chama o diretor Renato ao auto-falante do estúdio e pergunta “ôe, Renato, ele está falando verdade, Renato?”. E o homem, aquele que tudo sabe, responde “Não, Silvio, ele mente com descaramento”. Podia até chamar o Lombardi na sequência para arrematar a informação: “alô, Silvio! Ele acaba de ganhar um automóvel Volkswagen à álcool só para carregar toda a abobrinha que diz!”.

Animação
Esse negócio de mandar o auditório não se manifestar é muito ranzinza. Silvio Santos, o rei de todas as platéias, não só deixaria vir a desordem com a incentivaria. Eu dava tudo para ver o Roque lá no meio da galera, puxando coro e fazendo Eduardo Suplicy ou Tasso Jerreissati entoarem gritinhos de “já ganhou, já ganhou!”. Nada profissional, mas mostraria ao público se os políticos conseguem sair daquela fingida pose cívica. Pois não é isso o que queremos todos? Então que venha o debate de Silvio Santos. Se candidato gosta de fazer performance, que ela seja tão genuína quanto um show do Patrão.

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